Benefícios da meditação

Ouvimos, corriqueiramente, sobre os benefícios da meditação. Um bom exemplo é o de que sua prática auxilia na redução do estresse.

Mas, será que a ciencía corrobora essas informações?

Nessa série, iremos explorar a meditação, seus benefícios e, após isso, avaliar a técnica da Meditação Transcendental e como executá-la.

Ahh, mas por que a meditação transcendental?

Porque, em nossas buscas, ela apresentou uma boa literatura científica. Mas não se preocupe, em um futuro não tão distante comentaremos sobre outras formas de meditação.

Ahh, mas por que se basear na literatura científica?

Pensa assim. Se, do nada, alguém diz que a técnica de meditação X cura a depressão, como você sabe se isso é real?

Exatamente, você vai atrás da literatura e estudos científicos. Quanto maior o número de estudos de qualidade, maior é a confiabilidade da informação.

Porém, não se engane, mesmo que seja mais difícil, é possível que artigos científicos espalhem desinformação.

Por isso, é importante buscar artigos confiáveis, que tenham passado pelo processo de revisão e respeitem padrões de qualidade. Como o formato de duplo, triplo cego, entre outros.

É de nosso interesse escrever uma postagem sobre como avaliar a qualidade do artigo. Atualizaremos esse post quando isso for feito.

Sumário

Introdução

Como esta é a primeira postagem de nossa série, iremos abordar os benefícios da meditação. Para isso, analisamos uma série de artigos, revisões científicas e meta análises, todas disponíveis na seção de referências.

Vamos lá?

O que é a meditação?

Utilizada de maneira espiritual por religiões, como prática de cura no sistema da ayurveda ou para integração de membros de tribos. A meditação é uma prática milenar, encontrada em diversos povos e culturas espalhados pelo mundo. Um de seus objetivos, é acalmar a mente a ponto de sermos capazes de focar e vivenciar o presente.

Devido a suas raízes, alguns a consideram como prática religiosa. Porém, isso é um mito. Não é necessário ser praticante de nenhuma religião para meditar.

Quais são os benefícios da meditação?

É senso comum considerar a meditação como uma prática saudável, dotada de benefícios. Porém, será que isso é respaldado pela ciência? Além disso, quais são os principais benefícios que conhecemos?

O impacto da meditação na redução da ansiedade

No ano de 2017 o WHO – World Health Organization – publicou sua pesquisa sobre ansiedade e depressão. O triste resultado encontrado foi: O Brasil é líder mundial em casos de ansiedade.

Será que a meditação pode nos auxiliar a amenizar esse problema?

Nos baseamos nesta meta análise para compreender isso. Ela é composta por estudos que respeitavam as seguintes regras:

1. Reportavam os resultados da técnica de meditação transcendental como tratamento.
2. Possuíam 1 ou mais grupos de controle ou comparação
3. Os participantes eram enviados para seus grupos de forma aleatória
4. Reportaram resultados longitudinais
5. Reportavam os resultados relacionados ao traço da ansiedade

Ao fim, foram analisadas dados de mais de 1295 participantes de distintas características demográficas.

Os resultados foram promissores, apontando que a meditação transcendental auxilia na prevenção e tratamento de distúrbios de ansiedade. Além disso, essa técnica era mais impactante que o mindfulness e outras formas de meditação, como reportado em meta análises passadas.

A técnica de relaxamento progressivo se mostrou tão eficiente quanto a meditação transcendental na redução da ansiedade. Porém, não foi tão impactante na redução do neuroticismo.

Ainda que essa seja apenas uma meta análise, ela apresenta algumas caracteristicas importantes para sua confiabilidade. Como dos estudos serem longitudinais, com 1 ou mais grupos de comparações e randomizado.

O impacto da meditação no combate às doenças cardiovasculares

Fatores como pressão sanguínea, uso de tabaco e álcool, colesterol alto e estresse são considerados como fatores de risco às doenças cardiovasculares.

A meditação parece auxiliar na redução e combate a estes fatores. Pelo menos, é o indicado por este estudo. 

Em 2004, ano de publicação da pesquisa, já existiam mais de 600 estudos avaliando a relação entre a meditação transcendental e a prevenção e tratamento de doenças cardiovasculares.

Porém, no estudo, foram avaliadas, apenas, pesquisas diretamente relacionadas às doenças cardiovasculares e com o melhor design experimental.

Para que este post não fique muito extenso, falaremos apenas sobre 2 dos 8 benefícios encontrados. Os benefícios que não iremos incluir são :

1. Redução da pressão sanguínea
2. Redução do nível de colesterol
3. Redução da aterosclerose
4. Redução dos impactos da iquemia miocárdica
5. Redução de solicitações do seguro de saúde
6. Redução da mortalidade

Se deseja ler mais a fundo sobre eles, basta acessar o estudo.

O impacto da meditação no abuso de substâncias

Em 1994, foi feita uma meta análise combinando todos os estudos, até o ano de 1993, que investigaram os efeitos do programa de meditação transcendental no uso de cigarros, álcool e outras substâncias.

Foram analisados dados de 4524 pessoas, de distintas características demográficas.

Os resultados foram positivos, apontando que a técnica de meditação transcendental era eficaz para o tratamento e prevenção do uso de cigarros, álcool e outras drogas, tanto para população média quanto para usuários.

Além disso, a meditação transcendental apresentou resultados superiores a outros programas de tratamento como o de relaxamento.

O impacto da meditação na redução do estresse

O autor da pesquisa aponta que, graças à vasta quantidade de estudos avaliando os efeitos da meditação transcendental sob o estresse, meta análises podem ser um dos indicadores mais confiáveis de sua efetividade.

A mais completa, publicada antes deste artigo, era de 1989 e contava com mais de 100 estudos.

A conclusão foi de que a meditação transcendental foi a técnica de relaxamento com maior eficácia no combate à ansiedade e redução do estresse.

O impacto da meditação na pressão sanguínea

Para analisar essa questão esta meta análise contou com 12 estudos, somando um total de 996 participantes.

Os critérios para inclusão de estudos foram:

1. Eram estudos clínicos controlados e aleatórios ou semi-aleatórios com participantes humanos
2. A meditação transcendental era a intervenção primária sem a adesão de outras formas de meditação
3. Os participantes praticaram a meditação transcendental por, no mínimo, duas semanas
4. Os grupos de controle incluem lista de espera e sem tratamento

Ao fim do estudo foi encontrada uma redução significativa da pressão sistólica e diastólica entre os praticantes da meditação transcendental, quando comparados ao grupo de controle.

Idosos ( Acima de 65 anos ) e Mulheres foram os grupos com maior redução da pressão sanguínia.

Conclusão

Como foi possível ver, a técnica de meditação transcendental pode ser benéfica em diversas áreas de nossa vida como: Redução do estresse, ansiedade, pressão sanguínea, controle de abuso de substâncias e outros.

Aqui, na Complementar, buscamos criar conteúdos que auxiliem nossos alunos em sua jornada de estudos, sabemos que a realidade é que muitos alunos estudam e trabalham e isso acaba sendo muito desgastante.

Muito mesmo!

Por isso, para melhorar seu estudo, é importante melhorar áreas que nem sempre estão diretamente relacionadas a ele – como na redução do estresse e ansiedade 😉 -. 

Se gostou dos benefícios da meditação transcendental e quer implementar essa atividade em sua vida, dê uma olhada no nosso artigo sobre formação de hábitos. Esse post irá te ajudar a compreender algumas técnicas que irão facilitar a implantação e manutenção do hábito de meditar.

O que vem pela frente?

A cognição é um dos aspectos mais importantes em nossa vida. Por isso, sempre buscamos formas de melhorá-la. Ainda mais quando buscamos estudar.

Em nosso próximo artigo veremos se a meditação transcendental é capaz de melhora-lá.

Qual é a sua opinião? A meditação pode te deixar mais inteligente?

Referências

1. Manocha, Ramesh. (2001). Why meditation?. Australian family physician. 29. 1135-8. 
2. Fortney L, Taylor M. Meditation in medical practice: a review of the evidence and practice. Prim Care. 2010 Mar;37(1):81-90. doi: 10.1016/j.pop.2009.09.004. PMID: 20188999.
3. West, M. (1979). Meditation. British Journal of Psychiatry, 135(5), 457-467. doi:10.1192/bjp.135.5.457
4. Bai Z, Chang J, Chen C, Li P, Yang K, Chi I. Investigating the effect of transcendental meditation on blood pressure: a systematic review and meta-analysis. J Hum Hypertens. 2015 Nov;29(11):653-62. doi: 10.1038/jhh.2015.6. Epub 2015 Feb 12. PMID: 25673114.
5. Walton KG, Schneider RH, Nidich S. Review of controlled research on the transcendental meditation program and cardiovascular disease. Risk factors, morbidity, and mortality. Cardiol Rev. 2004 Sep-Oct;12(5):262-6. doi: 10.1097/01.crd.0000113021.96119.78. PMID: 15316306; PMCID: PMC2211376.
6. Orme-Johnson DW, Barnes VA. Effects of the transcendental meditation technique on trait anxiety: a meta-analysis of randomized controlled trials. J Altern Complement Med. 2014 May;20(5):330-41. doi: 10.1089/acm.2013.0204. Epub 2013 Oct 9. PMID: 24107199.
7. Alexander, C. N., Robinson, P., & Rainforth, M. (1994). Treating and preventing alcohol, nicotine, and drug abuse through Transcendental Meditation: A review and statistical meta-analysis. Alcoholism Treatment Quarterly, 11(1-2), 13–87. https://doi.org/10.1300/J020v11n01_02