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bell hooks, nascida Gloria Watkins, foi uma autora, professora e ativista. Escrevia e ensinava sobre o amor.
Podemos aprender o amor ou aprender a amar?
Através de uma escrita sensível e filosófica, bell hooks explora as diversas formas de amor, diferenciando-as e definindo-as. Já ao final do primeiro capítulo, um choque: a proposta de vermos o amor como uma forma de ação e não só como sentimento.
“O amor é o que o amor faz” é uma frase que hooks utiliza para vermos o amor como atitudes, saindo apenas das palavras ou do pensamento. Essa forma de propor o amor aproxima-se demais da visão marxista de teoria e práxis. Por meio dessa visão, hooks divide as formas de amor, podendo separá-las em três: o amor familiar, conjugal e o amor divino.
Entre as análises de hooks, está o primeiro contato com o amor na nossa infância, a aceitação pessoal ou amor próprio através do amor divino e a idealização de um amor conjugal e as diferenças de gênero. Todas as análises são precisas e sensíveis, em especial as análises de gênero e familiar. A formação feminista de hooks auxilia na percepção das diferenças entre o receber/dar amor entre os gêneros e também como o capitalismo exacerba essa diferença.
Infelizmente, a autora não mantém essa forma de análise quando o ponto é a religião e isso eu atribuo ao caráter religioso da mesma, onde fica claro que sua religião foi muito importante para a formação dos vário tipos de amor que a autora expõe. Em certo ponto, ela fala sobre o caráter conservador e patriarcal que a religião se encontra e ao mesmo tempo nega isso, afirmando que estas pessoas não fazem “religião de verdade”. Isso é tanto quanto falacioso. O desenvolvimento segue sob essa ótica, com propostas sobre uma nova percepção religiosa baseada no amor, o que eu não discordo, mas essa negativa da realidade das igrejas foi muito fraca. Esse capítulo finaliza com uma ideia de que é mais descolado entre os acadêmicos e progressistas ter ideais ateístas ao invés de declarar uma devoção ao espirito divino. Acho que descolado não é uma palavra apropriada para falar sobre a espiritualidade ou a ausência da mesma e ser ateu ou não, não interfere sobre o sentimento de amor ao próximo.
Dada a ideia de amor como práxis isso poderia ser trabalhado de uma outra forma, sem contar o colonialismo em algumas análises. hooks finaliza com a passagem “não há medo no amor” onde, para regressarmos ao amor, o amor perfeito, devemos abandonar o desejo de poder, tornando assim o amor revolucionário.